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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

No meio do caminho...

No meio do caminho tinha uma pedra...
E essa pedra era EU, com o perdão do poeta pelo mau uso da palavra.
Primeiro dia do ano. Manhã chuvosa de um sábado preguiçoso. Na fila do supermercado, por trás das grossas lentes sustentadas pela velha e frouxa armação, observava a angústia do rapaz do caixa que transpirava de ansiedade ao notar que o final da fila havia desaparecido do horizonte.
À minha frente, uma senhora de meia idade não tinha pressa. Era a dona da esteira. Parecia ter o dia inteiro para empacotar as compras. Separava-as por categoria de produto: laticínios, congelados, frios, enlatados etc., para desespero dos integrantes do MSV (Movimento dos Sem Vez).
Atrás de mim, um senhor, pouco mais velho que ela, dava mostras de impaciência. Sem constrangimento, ignorou a linha invisível da esteira rolante que dividia minhas compras das dele e começou a esvaziar o carrinho construindo torres de produtos que me fizeram lembrar a cidade de São Paulo.
Resolvi ganhar espaço e empurrei meus artigos para frente. A dona da esteira assinava o cheque quando escutei seu comentário irônico: “tem gente que não consegue mesmo esperar sua vez...”. Sem olhar para mim, deu uma piscadela para o rapaz do caixa e partiu, na certeza de que contribuíra para aumentar o nível educacional do povo brasileiro. O rapaz, motivado pelo mais vil sentimento de pena, abafou a risada com um espirro.
Minha vez. Percebi que teria bastante trabalho para identificar o que era de quem. “É ano novo, Tina!”. Apelei para o mantra popular. Pensando no tamanho da fila e no bem estar da coletividade, comecei a ensacar as compras tão rapidamente que ultrapassei o leitor do código de barras e tive de aguardar a passagem dos últimos itens. Ao término de tudo, entreguei o cartão de crédito e avancei o carrinho para o final da esteira, enchendo-o com as sacolas em tempo recorde.
Foi então que, ao voltar para finalizar a operação, deparei-me com o senhor apressadinho exatamente na posição que eu estava, bem em frente ao caixa (e ao meu cartão), puxando seus artigos e impedindo-me a passagem. “Com licença meu amigo, disse cortês, preciso digitar minha senha. Ao que ele respondeu olhando diretamente para o rapaz do caixa: “tem gente que não consegue mesmo dar a vez para o outro... é por isso que a fila e esse país não andam!!!”. O jovem, dessa vez, bem que tentou mas não conseguiu evitar a gargalhada...

Um comentário:

  1. a mulher da frente é o psdb, que, atrasado, no cheque e na história, acha que vai ser sempre a bola da vez, a dona da esteira (ou da rampa do Planalto). o homem de trás é o pt, que, anti-republicano, com seu carro da história, atropela todo aquele que o negue. a tina, baratinada e espremida, é a middle-class. o caixa é o cobrador (pense no personagem de R. Fonseca) que repete o mantra: só rindo, só rindo...

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