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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Em que posso ajudar?

- Serviço de Atendimento ao Cliente, bom dia! Em que posso ajudar?
- Gostaria de fazer uma reclamação.
- Ok, senhor, um instante que vou transferir sua ligação para o setor responsável.

(10 minutos de espera e a ligação cai)
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- Serviço de Atendimento ao Cliente, bom dia! Em que posso ajudar?
- Liguei há pouco para registrar o defeito de um produto e...
- Um minuto que estou transferindo sua ligação.
- Espere! Espere!!!

(15 minutos de espera e a ligação cai)
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- Serviço de Atendimento ao Cliente, bom dia! Em que posso ajudar?
- Olha aqui: se essa @&$@& cair de novo eu não respondo por mim!!!
- Acalme-se, senhor. Em que posso ajudar?
- Já disse mil vezes: quero fazer uma reclamação. Eu fiz uma compra e...
- Sr., aguarde um instante que vou transferir sua ligação.
- Não se atreva! Vai se arrepender se me transferir de novo. Quero falar com o supervisor agora!
- Pois não, Sr. Vou transferir para o setor de supervisão.

(20 minutos de espera e a ligação cai)
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- Serviço de Atendimento ao Cliente, bom dia. Em que posso ajudar?
- Quero dar queixa contra essa $&@@& de empresa e simplesmente não consigo!!!
- Sr., infelizmente terei de transferi-lo, pois o setor que cuida disso é outro.
- E vocês cuidam do que, afinal?
- Nós fazemos a triagem.
- Ah, sei. Vocês transferem as ligações dos clientes para os setores certos, certo?
- Certo. Certíssimo, senhor.
- Não seria mais barato comprar uma URA?
- Desculpe, senhor, uma o que?
- Unidade de Resposta Audível.
- Não conheço, senhor. Deve ser tecnologia nova.
- Não, meu filho, é tecnologia velha mesmo. E bota velha nisso!
- Engraçado... O Sr. falando assim... sua voz... lembra alguém. Qual é o seu nome?
- Felipe???
- O nome do senhor é Felipe? Então é meu xará!
- Felipe? É você? Xará coisa nenhuma. É teu pai que tá falando. Não reconheci tua voz. Desde quando vc trabalha? E a faculdade?
- Ih, paizão, transferi para a noite. Daí consegui esse bico prá ganhar um troco. Sabe como é, né? A mesada anda meio curta.
- Presta atenção, moleque: não vou discutir isso agora. A gente conversa em casa. Ai..! Que pontada!
- O que foi paizão?
- Nada. É a safena. Não posso me estressar. Chega de enrolação e me ajude a registrar a queixa logo.
- Queixa? Que queixa?
- Contra a @&$&@ da empresa, ora!
- Ah! Espera um pouquinho que vou te transferir.
- Vai mesmo? Olha que sou teu pai e não um cliente qualquer!
- Ô pai... Mesmo que não fosse, né? Cliente tem sempre razão aqui no SAC. Peraí...
(30 minutos de espera e a ligação cai)

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- Emergência Hospitalar, bom dia! Em que posso ajudar?
- Acho que estou tendo um ataque e preciso de uma ambulância urgente.
- O que aconteceu, senhor? 
- Estava tentando fazer uma reclamação no SAC e...
- Ah! Serviço de Atendimento ao Cliente? Um momentinho, por favor.
- Não... Por favor, não transfira! Arg..!

(40 minutos de espera e a ligação cai)
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- Serviço de Atendimento ao Cliente, bom dia. Em que posso ajudar?
- Fe... lipe... preciso... falar... ele...
- Como? O Sr. poderia repetir, por favor? A ligação está cortada.
- Res... pirar... eu... eu não... con sigo... res... sigo!!!
- Recibo? Um instante que vou transferi-lo para o setor responsável.

(10 minutos de espera e a ponte cai)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Qual bullying ???


Em uma escala que vai da inconveniência à crueldade, o bullying está muito mais presente fora da escola do que se imagina. Ele nasce da falta de educação. Cresce alimentado pelo preconceito. Manifesta-se, nos casos mais raros, por meio de atitudes que beiram o sadismo. Não importa a idade, sexo ou time para o qual se torce, em maior ou menor grau, somos ora vítimas ora algozes dessas agressões rotineiras que se convencionou chamar de bullying. A questão é: qual tipo de bullying estamos tratando? Em casa, com irmãos ou primos, quem nunca presenciou uma cena de bullying familiar? Sabe aquela menina séria, gordinha e que usa óculos “fundo de garrafa”? A recordista de apelidos? Não é difícil imaginá-la. Minha miopia foi durante anos motivo de gozação de parentes. Nas festinhas da adolescência, quem nunca viu o rapaz tímido e franzino ser constantemente isolado pelos grupinhos que o consideravam “out” e certinho demais para fazer parte da turma? A isso chamamos bullying social? Duvido que no trabalho não se tenha, alguma vez, presenciado a pressão psicológica das equipes sobre o empregado novato; aquele cara que discute tudo, pergunta tudo e quer sempre inovar. O coitado é alvo certo do bullying empresarial (esse o Google conhece). Se aprofundarmos o assunto, podemos chegar às perseguições religiosas, traçando sua evolução da Idade Média até o novo Milênio. Bullying sagrado? Teológico? Ainda não inventaram o nome certo para essa e outras intolerâncias. Até bullying geográfico (ou regional, se preferir) existe por aí. Em SP, todo nordestino é “baiano”. No Rio, “paraíba” atende melhor. Pior mesmo são os candangos. Sofre quem nasce ou mora na capital da República. O que deveria ser motivo de orgulho, é razão de constrangimento, ofensa e até humilhação. Brasília é tida indevidamente como reduto de corruptos e criminosos. Contra ela o bullying é intenso, especialmente o bullying jornalístico, praticado pela imprensa que se autoproclama nacional. Para completar minha lista bullymática, chamo atenção para um tipo que tem se revelado extremamente perigoso: o bullying ideológico. De risco epidêmico, seus efeitos colaterais são tão devastadores que ameaçam qualquer pacto social. É de longe o mais cruel. Ao padronizar o pensar, o bullying ideológico também escraviza, sem pensar...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ditadura do Novo & Ineficiência

Devia ter estudado Direito. Gosto de leis. Gosto de analisá-las, vislumbrar melhorias e detectar vazios legais. Sim, meus amigos, os vazios existem. E não são poucos. Ontem mesmo pensei em duas novas leis que fariam enorme diferença no modelo nacional de gestão pública. Uma delas proibiria o gestor público de iniciar novo projeto antes de terminar outro de igual escopo que se encontre em curso na sua área de atuação. Isso faria com que priorizasse a melhoria dos processos atuais, informatizando-os, reduzindo custos e simplificando a burocracia, tudo com foco na qualidade do serviço prestado ao cidadão. Novos Programas, Políticas, Projetos e demais "Pês" teriam de aguardar a conclusão dos anteriores para serem implantados. Enxergo hoje profissionais do Estado mais preocupados em imprimir suas marcas (já ouviram essa expressão antes?) do que fazer bem feito o serviço para o qual foram contratados, na maioria das vezes trocando seis por meia dúzia.
A segunda lei proposta por mim estabeleceria novas competências aos órgãos fiscalizadores da União. Dentre elas, auditar o desempenho profissional do funcionário público ocupante de cargo de liderança, penalizando-o por eventuais omissões ou atrasos injustificáveis no exercício de suas atividades diárias. Ainda não posso provar, mas aposto o que for, com quem quer que seja, que o custo da ineficiência no Brasil é muito maior que o da corrupção. Longe de querer amenizar o que já é considerado crime previsto no Código Penal, a idéia da nova legislação é também punir com multas e outras sanções servidores que não se comprometem, não se empenham, não trabalham as horas pelas quais são remunerados, procrastinam a solução de problemas simples, criam dificuldades para vender facilidades ou, o que é mais grave, aceitam assumir cargos de extrema responsabilidade para os quais não possuem nenhuma competência instalada. Geralmente sabem disso mas, por vaidade, ambição ou poder, aceitam o desafio imposto, transferindo para o povo o ônus de sua ineficiência. Independentemente de apresentarem resultados concretos para a sociedade, cumprirem as metas definidas nos planejamentos anuais, fazerem juz aos cargos que ocupam com seriedade e postura ética - lembrando que ali estão para servir ao público e não para dele se servirem - é comum esses profissionais deixarem os respectivos postos de trabalho, depois de anos e anos sem apresentar nenhum resultado, totalmente imunes a qualquer ação de improbidade administrativa que porventura possa ser movida contra eles. Previsível. Segundo as leis brasileiras, servidores medíocres que cumprem à risca suas rotinas burocráticas, dentro dos limites normativos aos quais estão sujeitos, não precisam se preocupar com auditorias ou fiscalizações futuras, ainda que tenham interrompido ações já iniciadas para começarem outras com o mesmo propósito. A constatação de tamanha mazela induz à indignação e provoca alguns questionamentos: quanto prejuízo esses gestores causaram ao Estado por deixarem de atuar em prol do cidadão? quanto extorquiram da União ao deixar de gerir seus processos da forma como deveriam ser geridos? quanto usurparam do trabalhador brasileiro, via impostos, por receberem salários incompatíveis com sua produtividade? Um dia esses números serão revelados. Quando isso acontecer, talvez possamos destituir do poder o "Novo" e, em seu lugar, eleger democraticamente a "Continuidade com Eficiência". O cidadão aplaude. O contribuinte agradece. O país comemora..!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Anjos de Realengo

Anjos de Realengo
Duas preces eu oro

Que tuas vidas não sejam em vão
Que elas tornem o homem são
Deus, eu te imploro..! 

Que tuas mortes ontem despertas
Sejam para o mundo mais que alerta
Deus, eu te imploro..!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Duda Língua Solta 2



O Japão vai reconstruir o país inteiro antes de o Brasil terminar os estádios para a Copa.

(diretamente do facebook do novo correspondente oficial do blog da Tina)

domingo, 3 de abril de 2011

Já que o assunto é preconceito...

...por que não aproveitar para falar de preconceito?

Tenho mania de ler tudo. Bula de remédio, manual de celular, carta de leitor no jornal de domingo etc. Até a Constituição eu já li. Minha obrigação? Pode ser. Porém, cá entre nós, você bem sabe que sou exceção. Como dizia, nossa amiga lembra-nos que um dos principais objetivos do País é "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". Perceberam? A primeira palavra é origem, seguida de raça, sexo, cor, idade e outros. Existe preconceito de origem no Brasil? Temo que sim. E temo que não seja pouco. Contra nordestino, é claro. Você já se referiu a algum brasileiro como sendo sulista, centroestista ou sudestino? Aposto que não. No máximo, usou nortista como forma de designar aqueles que nasceram nas regiões norte ou - pasme! - nordeste também. Isso é preconceito. De origem. De um lado, o cuidado em não confundir gaúcho com paranaense. De outro, a falta de distinção entre baiano, cearense, pernambucano etc. O uso indiscriminado do termo nordestino nada mais é do que puro desprezo.
Outra lembrança que nos traz a Constituição diz respeito a um de nossos direitos fundamentais: "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias". Taí um tema do qual, com ou sem óculos, só enxergo preconceitos. Explico. Além da forte discriminação em relação a determinadas religiões, existe um pobre "cristão" que paga o pato mais do que todos os outros. Ele mesmo. O ateu. Ou o à toa, se preferir o trocadilho popular. Esse sujeito, o ateu, vive há séculos no anonimato e tudo indica que não sairá de lá tão cedo, sob pena de perder amigos, colegas de trabalho e até mesmo a família, todos implacáveis na defesa desses e outros preconceitos arraizados em nossa cultura.
Falando nisso, não posso esquecer de mencionar o preconceito estético (invenção da autora), cujo domínio social, há tempos, ganhou o mundo. Dois exemplos. Para serem "aceitas" em seu meio, crianças trocam a necessária e saudável atividade física por cirurgias plásticas milagrosas. E como forma de manterem o padrão, mulheres "alugam" o corpo de suas mães para gerar seus próprios filhos. Ou seriam irmãos? O comportamento preconceituoso de nossa sociedade causa estupor. Cada vez mais, vejo o quanto somos manipulados pela indústria da beleza. A busca da "perfeição" materializa-se sob a forma de preconceito. Homens e mulheres sacrificam-se em nome de um ideal estético que, para a felicidade de poucos, faz a infelicidade de muitos...