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domingo, 3 de abril de 2011

Já que o assunto é preconceito...

...por que não aproveitar para falar de preconceito?

Tenho mania de ler tudo. Bula de remédio, manual de celular, carta de leitor no jornal de domingo etc. Até a Constituição eu já li. Minha obrigação? Pode ser. Porém, cá entre nós, você bem sabe que sou exceção. Como dizia, nossa amiga lembra-nos que um dos principais objetivos do País é "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". Perceberam? A primeira palavra é origem, seguida de raça, sexo, cor, idade e outros. Existe preconceito de origem no Brasil? Temo que sim. E temo que não seja pouco. Contra nordestino, é claro. Você já se referiu a algum brasileiro como sendo sulista, centroestista ou sudestino? Aposto que não. No máximo, usou nortista como forma de designar aqueles que nasceram nas regiões norte ou - pasme! - nordeste também. Isso é preconceito. De origem. De um lado, o cuidado em não confundir gaúcho com paranaense. De outro, a falta de distinção entre baiano, cearense, pernambucano etc. O uso indiscriminado do termo nordestino nada mais é do que puro desprezo.
Outra lembrança que nos traz a Constituição diz respeito a um de nossos direitos fundamentais: "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias". Taí um tema do qual, com ou sem óculos, só enxergo preconceitos. Explico. Além da forte discriminação em relação a determinadas religiões, existe um pobre "cristão" que paga o pato mais do que todos os outros. Ele mesmo. O ateu. Ou o à toa, se preferir o trocadilho popular. Esse sujeito, o ateu, vive há séculos no anonimato e tudo indica que não sairá de lá tão cedo, sob pena de perder amigos, colegas de trabalho e até mesmo a família, todos implacáveis na defesa desses e outros preconceitos arraizados em nossa cultura.
Falando nisso, não posso esquecer de mencionar o preconceito estético (invenção da autora), cujo domínio social, há tempos, ganhou o mundo. Dois exemplos. Para serem "aceitas" em seu meio, crianças trocam a necessária e saudável atividade física por cirurgias plásticas milagrosas. E como forma de manterem o padrão, mulheres "alugam" o corpo de suas mães para gerar seus próprios filhos. Ou seriam irmãos? O comportamento preconceituoso de nossa sociedade causa estupor. Cada vez mais, vejo o quanto somos manipulados pela indústria da beleza. A busca da "perfeição" materializa-se sob a forma de preconceito. Homens e mulheres sacrificam-se em nome de um ideal estético que, para a felicidade de poucos, faz a infelicidade de muitos...

Um comentário:

  1. Muito bem, Cris. E enquanto não colocarmos o dedo nessa ferida e discutir profundamente e punir exemplarmente os que derem demonstrações públicas de preconceito, vamos continuar fingindo que o brasileiro cordial é o povo mais legal de todos

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