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segunda-feira, 6 de junho de 2011

NASCOXISMO

Talvez você não tenha ligado o nome à pessoa, mas posso garantir que o "NASCOXISMO" também faz parte da sua vida. No campo profissional os exemplos pululam. De alegria e sem-vergonhice. Urgente, prioritário, imediato, rápido, já..! São expressões que ouvimos diariamente, cujo efeito pavloviano provoca repetição inconsciente. Seja no restaurante, no posto de gasolina ou na loja da esquina... tudo é prá ontem. Exceto o resultado que fica para sempre. Mais conhecido como "NAS COXAS", o trabalho apressado gera filhos indesejáveis, degenerados e que, cedo ou tarde, terão desperdiçado o investimento financeiro da família. Não é à toa que um grande amigo meu mandou pendurar em seu escritório um poster gigante com a seguinte frase: "A PRESSA PASSA E A MERDA FICA". Não costumo fazer apologia da lentidão ou da incompetência. Muito menos ignoro o fato de que determinadas ações nascem com dead-line, ou seja, com prazo pré-determinado para que aconteçam. De nada adianta, por exemplo, a personalização de embalagens de ovos de chocolate se estes forem entregues aos clientes somente após a Páscoa. Melhor vendê-los em seu formato padrão. Em contraponto, um sistema de informática, cujo objetivo é automatizar o processo produtivo de uma indústria, deve ser muito bem planejado, especificado e disseminado, o que necessariamente consome tempo. Investir em horas, dias ou meses a mais é evitar danos irreversíveis à organização. Nesse caso, a ironia recai sobre o funcionário que, habituado à rotina estressante da falta de prazo, sente-se perdido quando lhe é dada a chance de pensar e planejar suas atividades com antecedência. É possível flagrá-lo fazendo coisas irrelevantes, enquanto deixa de lado aquilo que é prioridade zero. Até que chega o momento em que o prazo se esgota e a demanda volta a circular na esteira das ações ditas prá ontem. Apenas quando isso ocorre é que ele começa a correr atrás do prejuízo. Aliás, correr atrás do prejuízo virou moda, diferencial competitivo, ou se preferir, a especialidade mais valorizada pelos headhunters do momento. O "NASCOXISMO" não é privilégio do ambiente privado. A esfera pública também foi contaminada pela mesma doença, responsável pela mesma fragilidade, mesma indefinição e mesma falta de controle presentes na burocracia do Estado. A causa da enfermidade varia, podendo ser agravada pelo servidor que não trabalha para quem banca seu salário (contribuinte), mas para quem ocupa o cargo hierarquicamente superior ao dele (chefe imediato). De simples diagnóstico, os sintomas do "NASCOXISMO" são inconfundíveis: retrabalho, custos elevados, despesas extras, promoção da mediocridade e visão de curtíssimo prazo. Já os doentes apresentam comportamentos bastante similares. Vangloriam-se de que "entregam qualquer coisa no prazo que for", não importa o que, como ou a que custo. O que me conforta é saber que o "NASCOXISMO" tem cura. Afinal, toda vez que alguém precisa de cuidados médicos os "NASCOXISTAS" são substituídos pelos melhores especialistas do mundo.

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