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terça-feira, 29 de março de 2011

Homens!!!

Comemoravam um ano de namoro.
Ele, 28 anos, sentia-se bem. Ela, 25 anos, não...

- Você quer mesmo sair para jantar?
- Por que a pergunta? Você não quer?
- Nada disso. Só perguntei porque estou te achando estranha hoje.
- Estranha como? Não gostou da minha roupa? Ah! Já sei! Não gostou da cor do meu cabelo, né?
- Você pintou?
- Não reparou? Gastei meu dinheiro todo e você sequer notou a diferença?
- Hum... hum ... Agora que falou... está mesmo diferente.
- Diferente, diferente... Diferente não é bonito.
- Mas está bonito!
- Não adianta. Você disse diferente e não bonito.
- Puxa como você complica, hein? Diferente é diferente. Nem bonito, nem feio...
- Mais alguma queixa? Parece até que está arrumando motivo prá gente brigar. O que foi? Tem jogo hoje?
- Não!!! Que saco! Vamos logo ou perderemos a reserva.
- Se for só para não perder a reserva, eu não vou. Você quer ou não quer sair hoje?
- Quero. Quero muito.
- MENTIROSO. Homem é tudo igual.
- O que eu fiz? Você está agindo feito uma maluca.
- Agora eu sou a maluca, né? Você deixou de me amar. Isso sim. Quer terminar o namoro e não tem coragem!
- Se eu quisesse terminar, por que estaria aqui hoje para comemorar um ano juntos?
- Porque não quer me magoar.
- E não quero mesmo.
- Viu? Eu sabia!
(pausa para lágrimas)
- Princesa, vou te contar um segredo sobre os homens.
- ???
- Quando a gente quer ficar com alguém, a gente fica.
- Sei... E quando não quer ficar?
- A gente NÃO fica.
- Simples assim?
- É.
- Que mais?
- Quando a gente diz uma coisa, a gente quer mesmo dizer aquela coisa. Nem mais, nem menos.
- Sério?
- É.
- Conta mais. Conta mais... rs
- Isso é o principal.
- Quer dizer que se você não me ligar amanhã é porque não quer mesmo ligar? Não é só charme?
- Homem que é homem não faz charme.
- Se você tivesse outra mulher me contaria?
- Não.
- Então você tem outra?
- Não!
- Como vou saber se é verdade se você mesmo disse que não me contaria?
- Não vai saber, mas não se preocupe. Se um homem quiser mesmo ficar com uma mulher, ele pode até dar uma escorregadinha por aí, mas vai continuar com ela.
- E se estiver apaixonado pela outra?
- Ficará com a outra.
- Mas isso é muito racional!!!
- Pois é... Vamos?
- Qual restaurante você reservou?
- O mesmo onde nos conhecemos.
- Que romântico! E depois? O que faremos?
- Uma suíte romântica nos espera...
- Você reservou motel também?
- Claro!
- Então você não quer sair comigo. Quer outra coisa!
- Não gostou da surpresa?
- Não. Me sinto um verdadeiro "jantar ambulante".
- Podemos ir direto para o motel, se preferir...
- Eu sabia! Eu sabia! Quer transformar esta noite em um jantar de despedida, né? Pois não vou deixar acontecer. ESTÁ TUDO TERMINADO ENTRE A GENTE!

Comemoravam um ano de namoro.
Ele, 28 anos, sentia-se mal. Ela, 25 anos, não...

Duda Língua Solta



"Roubar idéias de uma pessoa é plágio.
Roubar de várias é monografia..."

(Duda é o novo correspondente do blog da Tina)

sábado, 26 de março de 2011

O Milagre do Pão de Queijo

Mais de uma hora no aeroporto. Passou pelo portão de embarque rumo à revista obrigatória. Retirou os óculos. Depositou-os na bandeja com o celular, a carteira, cinco moedas e o velho relógio de prata, companheiro de todas as horas. Checou os bolsos. Sentiu o gelo do metal frio enrijar os dedos. Apalpava a prótese tentando lembrar a última vez que a tirara da boca. Meia hora atrás, se muito. Acontecera no bar. Pedira um pão de queijo para acompanhar o expresso. Sendo nova a peça, teve receio de danificá-la. Longe do alcance dos olhares curiosos, puxou-a de supetão, escondendo-a no bolso, enrolada ao guardanapo. A lembrança foi cortada pelo tom áspero. "Sr. é a sua vez!" Acelerou o passo, ultrapassando a faixa amarela. O alarme soou alto. Olhares indiscretos censuravam calados o senhor de barba branca que atrasava a fila. "Por favor, retorne à faixa e passe outra vez pelo detector de metais." Mesmo percurso; mesmo desfecho. Apenas o alarme pareceu-lhe outro, de maior duração. Retornou ao ponto de partida. Menos por cortesia e mais por querer livrar-se do problema, a segurança ofereceu a opção de passar os sapatos pelo Raio X ou seguir direto para a inspeção. Exasperou-se. "Minha senhora, desse jeito vou perder o vôo. Já esvaziei os bolsos. Depositei todos os meus pertences na bandeja. O que mais quer? Que tire a roupa?" A funcionária olhava-o com desconfiança. Sabia de casos de sequestros, tráfico de entorpecentes e ações terroristas praticados por cidadãos comuns da terceira idade. "Sr. não vou deixá-lo embarcar enquanto não descobrir o que está acontecendo". Tirou os sapatos. Atravessou o corredor como um condenado, implorando a Deus pelo milagre que não veio. O som agudo foi suficiente para reforçar o antigo ateísmo. Três novos seguranças posicionaram-se ao lado de sua algoz. "O Sr. tem certeza que esvaziou mesmo os bolsos?" Ao que respondeu bastante irritado. "É sempre assim. Preferem duvidar da gente a imaginar qualquer defeito no equipamento". O clima frio fora do aeroporto pouco amenizava o clima quente de dentro. "Infelizmente temos de revistá-lo. Queira dirigir-se à cabine, por favor." Exausto, aproximou-se do balcão. Sussurrou. "Eu sei o que fez soar o alarme. Foi minha prótese!" A equipe deu um passo à frente. Pediu que repetisse o que dissera. O zum zum zum das reclamações era ensurdecedor. "Foi a minha prótese!", repetiu mais alto. "Como?", retrucaram os quatro, em uníssono. Explodiu. "Minha dentadura! Den-ta-du-ra!!!" Para manter o comando, a segurança conteve o riso. "Sr., peço-lhe que coloque a dentadura na bandeja para que possamos liberá-lo." A crueza da ordem tirou-lhe o chão. Toda sua vergonha seria depositada ali. À frente de todos. Respirou fundo. Manteve a dignidade. "Minha senhora, em 45 anos de casado, nunca mostrei esta prótese sequer para minha esposa! Não será a senhora a primeira mulher que irá vê-la!" Saiu da fila de queixo erguido e sorriso seguro no bolso. Chegou em casa. A viagem era por conta das férias. Sua família o esperava na praia. Refletiu sobre a dificuldade que teria para comprar nova passagem. Girou a maçaneta e entrou. Largou a maleta no chão. No ar, cheiro de algo ainda queimando. Vinha da área de serviço. Percebeu pela nuvem de fumaça. Deixara o ferro ligado à tomada, em cima da tábua de passar roupa. Por pouco teria provocado um incêndio. Sabe-se lá de qual proporção. Por pouco estaria sentado em pleno vôo, sem saber que perdia a casa e, com ela, sua aposentadoria. Por pouco Deus o teria convertido cristão. Mas a personalidade desconfiada o fez acreditar em outro milagre. Fora salvo por um simples pão de queijo.
E por pouco, muito pouco...

Acredito no Amor

acredito no Amor
só no Amor

sem Amor
o Homem duvida
o Homem mata
o Homem tomba

por Amor
o Homem volta

no Amor acredito
no Amor, só

terça-feira, 15 de março de 2011

Retrato de Amor

Nada a preocupava mais do que deixar a pequena Rosa aos cuidados de seu velho pai. “Carrancudo como é irá fazê-la chorar”, pensou aflita, enquanto pegava a bolsa em cima do aparador e as receitas médicas espalhadas na superfície do mogno escuro. Quatro anos comemorados dia anterior e Rosinha ainda se via às voltas com bexigas coloridas sobreviventes, perseguindo-as por toda a casa. As mais ousadas perdiam o ar da vida durante a fuga, restando secas e inertes até a chegada do resgate adulto. Uma a uma, eram cuidadosamente descartadas. Sem compaixão. A cada estouro, seguia-se a risada alegre de menina travessa, desprovida de culpa ou remorso. A febre deixara suas bochechas ainda mais rosadas. Tanto que pareciam pintadas por um artista circense, compelido a colorir a menina-anjo cuja falta de asas não a impedia de voar. Pelo contrário. Pulava sofás, ultrapassava cadeiras e escalava mesas com a destreza de exímia alpinista. As feições perfeitas lembravam uma boneca de louça antiga. Dessas que, só de olhar, tem-se medo de quebrar. Mesmo debilitada, a menina corria livre pela sala, jogando para o alto as revistas semanais que alguém perdera tempo organizando na estante. “Querida, não faça isso. Comporte-se. Mamãe vai à farmácia comprar os remedinhos da princesa e volta já.” Partiu apressada, sem tempo de perceber o beiço tremular e a lágrima indecisa da filha. Mais precisamente, era uma mini-lágrima, que se recusava a correr rosto abaixo. Sentado na velha poltrona xadrez, o avô lia indiferente à presença da pequena. Tinha aversão a crianças. Rejeitara a vida inteira a idéia de ser pai. Se aconteceu foi por pura falta de sorte ou descuido, comentara várias vezes com os amigos mais próximos. “Eu avisei que não queria filhos”, culpava a esposa, enquanto estremecia com a capacidade singular de ferir quem o amava. Há muito deixara de mentir para si mesmo. Abrira mão da prerrogativa antes do prazo. Ficara viúvo e tivera a infelicidade de ver sua única filha engravidar após brevíssimo romance com um poeta desempregado. Na verdade, um desempregado que se dizia poeta. Tal era a mediocridade do desocupado que, tão logo soube da notícia, deixou a namorada com a mesma velocidade com que a conquistou. Baixou os olhos e somente então percebeu duas grandes "bolas de gude" encarando-o. Sim. Rosinha era mesmo uma boneca. Desviou a atenção para o outro lado. Percebeu a aproximação lenta, porém obstinada. Voltara a ler enquanto a observava de soslaio. Ela contornara a poltrona, disfarçando os movimentos, até alcançar a escrivaninha do avô. O suspense chegou ao fim quando Rosinha, em um pulo audaz, puxou a gaveta da mesa com a determinação de quem imaginava haver ali um tesouro escondido. O objeto desprendeu-se do móvel e foi ao chão, levando com ele papéis, canetas, talão de cheque, recibos de cartão de crédito e até a cópia do imposto de renda do ano passado.“De novo a mesma cena. Droga!”, exclamou zangado, chamando a atenção da flor que o desafiara. Preparou-se para a reprimenda quando o passado descortinou-se à sua frente, trazendo a filha na mesma idade, abrindo a mesma gaveta e espalhando, escritório afora, os mesmos papéis de nenhuma importância. Naquela época a reação fora instantânea. Puxou-a pelos cabelos e fez com que, aos soluços, guardasse tudo de volta, convicto de que o objetivo maior de dar-lhe boa educação respaldaria qualquer reação desproporcional que tivesse adotado. Não era culpa sua. Crescera fazendo parte de um ambiente político contaminado por interesses pessoais que, em nome de um pseudo “bem maior” sobrepujavam interesses verdadeiramente coletivos. Retornou ao ponto em que se achava. Entre o déjà vu e o impulso contido veio a pergunta inocente: “Vô, eu posso te desenhar?” Tamanho atrevimento pegou-o desprevenido. A descoberta de que ele existia e, mais ainda, despertava o interesse da neta dirimiu suas defesas. Fez sinal de assentimento com a cabeça e ficou ali, encostado à parede. À espera. Rosinha levou menos de quinze minutos para terminar o retrato e, em meio à desordem, entregou orgulhosa a obra-prima, acompanhada de um beijo sorridente. Ali estava ele. Via-se como no espelho. Sentado na poltrona xadrez. Os óculos levemente enviesados, segurando com uma das mãos um livro aberto de capa azul e letras douradas. A outra mão, caída displicente ao longo do corpo, quase não se deixava notar. O que mais o intrigou foi o feitio da boca, em formato de “u” ao contrário, o qual revelava o quanto a neta lhe dedicava atenção. Ao passo que, para ele, começara a conhecê-la naquele instante. E o fato de ter passado os últimos quatro anos sem sentir o que agora sentia fez com que quisesse compensá-la de tudo, entregando-se àquela sensação que só experimentara na infância e que viera a abandonar logo depois. Ali, agachado perto da pequena Rosa, sentiu-se novamente Desabrochar...

sábado, 12 de março de 2011

A lei do Carnaval

Dizem que no Brasil o ano só começa depois do Carnaval.
Se isso não é verdade, deveria ser. E mais. Deveria haver uma lei obrigando todos os países do mundo a brincarem o seu próprio Carnaval.
Convém aos povos e nações terem um rito de passagem como esse a cada início de ano. Funcionaria como uma espécie de banho de humanidade, com cheiro de música e serpentina. As pessoas poderiam comemorar juntas a liberdade. Aquela genuína liberdade de poder libertar um ao outro. Ao som do axé regado ao dendê, do arrasta-pé dos bonecos gigantes, do samba trigueiro e de todos os outros gingados que compõem nossa bateria verde e amarela. A folia pulsaria em nossas veias e abriria alas para o sangue percorrer a avenida do corpo, lembrando que ainda estamos vivos. Dançaríamos até perder a razão, e mudaríamos o ritmo de nossas escolhas, cada dia mais egocêntricas e descompassadas.
Felicidade ou Segurança? Provoca-nos a enquete do blog. Sob qual referencial escolher? Nosso? Do outro? Embaixo ou em cima das árvores? É preciso coragem para por e tirar fantasias, conforme a perspectiva que nos é revelada. Quem me ensinou isso foi Cosme, o Barão de Rondó, cria do escritor Italo Calvino que, cá entre nós, também gostava de Carnaval ou não teria imaginado uma aventura inteirinha pulando personagens de galho em galho, sobrevivendo à VIDA com paixão. Falando Nela, eis o segredo! Apaixonar-se sempre, como faz o verdadeiro folião. É por isso que defendo a tal lei, que transformaria o Carnaval em vacina obrigatória, com validade de um ano e 100% eficaz contra os vírus do PESSIMISMO, da MESQUINHEZ e da INDIFERENÇA.