Um amigo passou grande aperto outro dia. A mulher viajou e o devasso aproveitou o fim de semana para promover a maior patuscada da história do Rio de Janeiro. Reuniu galhofeiros de todas as zonas, libertinas de todas as cores, amantes do samba, do futebol e da carraspana... De tudo havia um pouco. A folia entrou madrugada adentro e transformou o que era para ser apenas mais um sábado de Carrefour em um evento memorável, para absoluto desespero dos vizinhos. Dia seguinte, a mulher ligou avisando que voltaria mais cedo, com "mamãe" a tiracolo. Nem bem desligou o celular, meu amigo expulsou de casa quem dormia pelo chão e arrumou o que pode, tentando lembrar o lugar certo das coisas, maquinando justificativas para eventuais mudanças na decoração. Chegou ao aeroporto a tempo de recebê-las com flores e um largo sorriso. Acomodou as malas no carro, inclusive “ela”, e fez o retorno. Conversa vai, conversa vem, percebeu num relance o par suspeito de sandálias vermelhas delicadamente encaixadas na fresta ao lado do câmbio automático. Culpa, arrependimento e pânico fizeram-no agir sem pensar: “Olhem! Olhem! ... Acho que tem um homem querendo pular daquele prédio ali...” e apontou para o lado direito do carro. No exato segundo em que as duas mulheres voltaram o olhar na direção indicada, pegou as sandálias e vupt..! arremessou-as de sua janela para fora do veículo. “Onde? Onde?” – indagaram as duas, sem entender o motivo da algazarra. Respondeu que havia se enganado e desculpou-se pelo susto com extrema desfaçatez. Aliviado, entrou na garagem cantarolando Roberto Carlos e divertindo-se, para sua surpresa, com o colóquio feminino sobre compras, novelas e outras futilidades. Abriu a porta de trás do carro para ajudar a sogra a descer quando percebeu a inquietação da velha. “Algum problema?” – perguntou – “Sim, sim. Minhas sandálias! Eu não sei onde foram parar minhas sandálias vermelhas!!!”
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