Pura perda de tempo essa história de tentar entender o tempo. Ainda no surgir da civilização, já era ele considerado o grande mistério da humanidade. A consciência de sua existência tem ditado a sanidade do homem. Não por acaso, a teoria de que o tempo passa mais rápido a cada minuto ganhou milhões de adeptos em todo o mundo. Surgiram teses de toda qualidade: crenças populares, estudos filosóficos e, até mesmo, teorias científicas.
A rotina, fruto do estresse da vida urbana, é uma dessas teses, tendendo mais para a crendice do que qualquer outra coisa. Segundo ela, acostumados a fazer sempre as mesmas atividades diárias, nossa atenção foi progressivamente desviada para o que chamamos de "piloto automático". Agimos sem perceber o que estamos fazendo. Da mesma forma que o ar enche nossos pulmões para, em seguida, deixá-los sem avisar, a vida enche nossos sentidos sem que possamos percebê-la e aproveitá-la da maneira que gostaríamos. Se o tempo leva embora a vida, por sua vez, a vida leva o tempo embora. O mesmo tempo que falta quando se descobre que 24 horas não são suficientes para tudo aquilo que é preciso fazer. Avolumam-se tarefas registradas no caderninho vermelho, na agenda de couro ou na pasta do outlook. Sempre em número superior àquelas já concluídas, as pendências multiplicam-se como coelhos, enquanto as poucas finalizadas são assinaladas com um X vermelho ao lado. A meu ver míope, o tempo é a tradução humana da vida. E de sua finitude, seja ela analógica ou digital. Independentemente da cultura, sempre haverá quem viva sem tempo para viver.
Outra tese que se propõe a explicar o tempo tem a ver com a diferença entre dia sideral e dia solar, velocidade, circunferência, elipse e outros quetais. Por ela apregoa-se que a rotação da Terra está aumentando. Assim, em vez de 24 seriam 12 o número de horas gastas hoje para o planeta dar a volta em torno se seu próprio eixo. A única vantagem que vejo em acreditar nessa teoria é que, em vez de 44 anos, eu passaria a ter 22. Um desconto de 50%, sem anestesias, cortes ou esticadas doloridas. E o mais importante: de graça! Além de tudo, economizaria o tempo do pós-operatório.
Para finalizar e evitar que você desperdice ainda mais o tempo do seu domingo, depois do empate desperdiçado do Mengão com o Bahia, eis um conselho que considero atemporal: nunca tente entender ou controlar o tempo. Corte caminho pela via do amor. Só o amor tem o poder de parar o tempo e fazer você sentir tudo de novo...
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