Tempos atrás escrevi um artigo sobre gestão empresarial no qual citava o tripé da sustentabilidade. Conhecido no meio acadêmico como triple bottom line, esse modelo trouxe para as organizações a consciência de que nenhuma empresa consegue sobreviver ancorada apenas em resultados medidos pelos demonstrativos contábeis. Duas outras vertentes são essenciais à estratégia. Uma diz respeito ao viés social, ou seja, ao retorno dado à sociedade em função do crescimento do negócio. A outra, cada dia mais forte, revela que não basta dar lucro e manter programas desenvolvidos no campo da responsabilidade social. Para garantir um lugar ao sol, as empresas devem também cuidar do meio ambiente, sob risco de deteriorarem, além da matéria-prima, outro ativo ainda mais relevante: sua reputação.
Na área publica as necessidades em termos de gestão estratégica são similares ao modelo privado, do qual guarda enorme distância. Um dos motivos é o fato de que, ao desenvolver e implantar uma política pública, o gestor, independentemente da esfera de atuação, não se preocupa em institucionalizá-la ou torná-la perene. Sua visão é predominantemente difusa, com objetivos de curtíssimo prazo. Nem sempre fica claro onde se quer chegar. Faltam projetos estruturantes, que ajudem a resolver problemas de interesse coletivo e promovam o desenvolvimento sócio-ambiental do município, estado ou país. O gestor publico não é preparado para perceber que tudo está interligado, não existindo mais política de governo que não seja intersetorial. Assim como nas empresas, a qualidade do resultado ocorre em função da qualidade do modelo de gestão. É preciso pensar política pública considerando o mesmo tripé do meio empresarial privado; sobretudo, propor ações governamentais articuladas, que não desconsiderem na sua matriz de análise possíveis impactos ambientais negativos ou piora dos indicadores sociais.
Inspirar-se nas boas praticas privadas é um bom caminho. Sistemas de medição de desempenho empresarial podem ser adaptados para a área pública. A exemplo do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton, há que se desenvolver um painel de controle para monitorar os processos internos do setor público, a performance das equipes, a capacidade de inovação e os avanços tecnológicos. Ainda dentro do BSC é imprescindível buscar o desejável equilíbrio entre medidas financeiras e não-financeiras, tendo como meta prioritária a elaboração de políticas públicas sustentáveis.
Eu, com minha mania de simplificar tudo, recomendo que se responda cinco perguntinhas básicas antes de se colocar na rua um novo bloco da políticas públicas:
1) quanto custa para a sociedade?
2) o que o cidadão ganha no curto, médio e longo prazo?
3) quais os impactos ambientais e retornos sociais esperados?
4) os processos são racionais ou se pretende informatizar o caos?
5) os resultados são passíveis de medição?
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