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domingo, 25 de setembro de 2011

Corrupção

O Valor Econômico publicou em 23/09 artigo do professor Alberto Carlos Almeida, autor de "A Cabeça do Brasileiro", sobre reforma política e corrupção. Segundo ele, o problema da corrupção está mais relacionado à nossa fragilidade institucional do que a modelos eleitorais abertos ou fechados. Reflitamos sobre isso. Na condição de profundo conhecedor das idiossincrasias brasileiras, não estaria o professor disposto a provocar uma discussão maior do que aquela que nos aponta em seu artigo? Será que seu objetivo não seria analisar as matizes de nossa cultura? Estaria ele se propondo a debater questões mais complexas e que tem a ver com comportamento, atitude diante dessa ou daquela situação, ou mesmo com a desgastada, porém ainda válida, lei de Gérson? Nas entrelinhas de seu discurso ele esconde a pergunta: somos um povo corrupto? A dúvida gera mal estar e vai na contramão do sentimento ufanista que, por vezes, surge no horizonte verde e amarelo e deixa a realidade mais colorida do que de fato ela é. Somos um povo corrupto? As situações cotidianas são sempre bastante reveladoras. A sensação é de "déjà vu", e a semelhança com a realidade, infelizmente, não é mera coincidência. Dia desses, um síndico (conhecido meu) resolveu contratar serviço de segurança para seu condomínio. Das empresas contactadas, todas, sem exceção, apresentaram orçamentos que, se aprovados, gerariam vantagens "extras" para o síndico e "benefícios" para sua propriedade privada. Tudo sem "nenhum" custo adicional. Sabe aquela historia do almoço grátis? Pois é. Atitude vergonhosa. Por outro lado, dentro de casa, o mesmo síndico que reclamou para mim da tentativa de corrupção por parte dos fornecedores, há mais de cinco anos deixa de recolher os impostos trabalhistas devidos à empregada domestica que contratou para cuidar de sua casa. Enquanto clama por justiça social, o tal sindico e muitas outras famílias negam direitos mínimos a milhares de profissionais que continuam a viver na informalidade. Almeida está certo. É fato que nossas instituições não funcionam como deveriam. Mas também é fato que nós, brasileiros, não funcionamos como deveríamos. Ainda não somos um povo que possa se orgulhar do exercício pleno de sua cidadania. Somos tão bons em pleitear direitos quanto em esquecer de nossos deveres. Talvez nos falte maturidade e auto-crítica suficientes para reconhecer o problema e seguir adiante. No combate à corrupção cada um deve fazer a sua parte. Corrupção não é só coisa da cabeça de político brasileiro. Ela permeia outras cabeças também. Resta saber quantas, de quem são e o que elas pensam. Tema para um novo estudo...

Um comentário:

  1. Concordo com o post, infelizmente somos de uma geração onde o sentido de cidadania e o respeito ao direito do próximo, foram pouco ensinados, deturpados em vários casos, onde uma pessoa que alcançou o sucesso é aquela que tem um alto nível profissional e dinheiro, dentro de um contexto de individualidade e competição, ninguém se importa como conseguir mas apenas em conseguir chegar lá. Bom, não querendo passar uma imagem pessimista, creio que ainda podemos ter esperança nas gerações vindouras, um pequeno exemplo que vi hoje num Programa da Rádio Band News Fm RJ, falava sobre ética e situou uma pesquisa feita com adolescentes sobre questões como "o que os seus pais lhe envergonham" - Um adolescente falou que acha o fim o pai entrar no supermercado e consumir produtos antes de pagar(O que é proibido) e às vezes nem leva, deixa lá na bancada e uma menina de forma muito correta e sensata, expôs que seus pais não respeitam a faixa de pedestre enquanto dirigem e ela fica indignada com isso,.. Achei muito legal os comentários e a reportagem num todo, nos dá uma pequena visão do pensamento do jovem brasileiro, não temos uma geração sem concepções de responsabilidade com a sociedade, mas creio que uma grande parcela de "nós mais experientes?!?" não estamos sabendo fazer o nosso papel.

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